Saúde mental, negócios e o papel da franqueadora

Rogério Gabriel, presidente da MoveEdu, fala sobre A importância da orientação profissional para o sucesso dos estudantes no Ensino Superior

O trabalho de uma franqueadora contempla uma série de cuidados em relação a suas marcas e junto aos franqueados para que ambos tenham sucesso nos negócios. Avaliação de mercado, perspectivas de crescimento, projetos de inovação, estão entre os assuntos que todo mundo ouve falar, mas há um tema que, infelizmente, não é muito discutido nesse meio: a saúde mental. Como uma organização com estas proporções deve atuar quando o assunto é o psicológico das pessoas?

Estrutura, contato social, propósitos, atividades regulares são alguns dos benefícios do trabalho para a promoção da saúde mental. Essa lista faz parte do relatório da Organização Internacional do Trabalho (OIT/ONU) que também faz uma contrapartida, afinal o trabalho cura, mas ele pode adoecer.

E os números são tristes e preocupantes, tanto do ponto de vista econômico, quanto social. De acordo com a organização, anualmente, o equivalente a 12 bilhões de dias de trabalho são perdidos por conta de sintomas relacionados à depressão e ansiedade. Isso gera um custo de um trilhão de dólares para a economia global. E, justamente, o trabalho pode ser responsável por esses sintomas, seja por sobrecarga, prazos desumanos, isolamento, falta de instruções, dinâmicas que dificultam o cuidado com os filhos, entre tantos outros. Às vezes de forma isolada, outras tantas com tudo ao mesmo tempo.

Quando falamos de pandemia, a situação só piora. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que os casos de depressão aumentaram 25% durante o primeiro ano da COVID-19. E aqui, como empresário à frente de uma rede de franquias, eu vou afunilar mais. A Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), em parceria com a Troposlab, realizou um estudo sobre a saúde mental dos empreendedores durante a pandemia: 15% deles iniciaram uso de medicamentos durante o período de isolamento.

Essa enxurrada de dados que eu trouxe até aqui, é para te convidar a refletir sobre a importância de um franqueador, inclusive no que se refere ao cuidado  da saúde mental dos franqueados. O levantamento da UFMG mostrou que quanto mais incerto é o ambiente para o empreendedor, mais severos são os níveis de estresse, ansiedade e depressão. Para ter seu próprio negócio é preciso resiliência, persistência e cuidar da mente. Isso quer dizer que é necessário um sistema de suporte, não só para que o negócio vingue, mas para que essa pessoa seja feliz naquilo que está fazendo e investindo. Quando se empreende sozinho, essa configuração é mais complicada. É você, desassistido, estudando o mercado, enfrentando todos os concorrentes, lidando com todas as questões burocráticas de um negócio, sem uma estrutura de apoio por trás. Esse apoio vem mais fácil quando se é franqueado, já que é possível contar com uma rede com os mesmos interesses de crescimento que o seu, com uma estrutura financeira e de mercado já consolidada.

É assim que a equipe da rede MoveEdu atua. Prestamos assistência e acompanhamos o franqueado, mas também temos a preocupação de que ele tenha sua saúde mental apoiada, suportada e cuidada. E isso vale para os “velhos da casa” e para quem está chegando na rede também.

Nos deparamos por aqui com empreendedores que iniciam essa jornada justamente para encontrar um equilíbrio entre os negócios e a qualidade de vida, algo que muitas vezes é difícil alcançar  em empregos formais.  Recentemente, recebemos uma nova franqueada da Ensina Mais Turma da Mônica, uma de nossas marcas, que é um exemplo disso. Após mais de 20 anos à frente  de projetos de engenharia de uma das maiores empresas de construção do país, Marisa Lazarini enfrentou um cenário de ansiedade e depressão dentro de casa, que passou pelas filhas pequenas e chegou nela.

O primeiro contato com a MoveEdu foi por uma “tarefa” que estava cumprindo para o seu tratamento psicológico. Não era para se tornar franqueada. Nossa equipe prestou todo o suporte e atenção, mesmo sabendo que não converteria uma venda. Pelas palavras dela, o ambiente acolhedor que ela encontrou na Ensina Mais fez com ela tivesse vontade de largar sua carreira de sucesso. A mudança de CLT para empreendedora está fazendo parte da cura.

Os gatilhos da sua depressão? Sobrecarga de trabalho e pouco tempo para se dedicar à família, principalmente às filhas. O impulso para dar a volta por cima? Ter encontrado uma equipe de profissionais internos e franqueados que trabalham essa cultura do zelo pelo bem-estar. Faz parte do nosso negócio.

É claro que empreender dá trabalho e trabalho duro. Exige foco, disciplina e muitas horas de dedicação. Quem empreende, precisa estar atento ao seu negócio e ao mercado que o rodeia. Mas, ao contrário da vida corporativa, você passa a ser “dono” da sua rotina, trabalha com propósitos e colhe os frutos do esforço. O que faz a diferença é a forma que as relações se dão. E, com a propriedade de quem está à frente da MoveEdu, eu afirmo: sim, as relações podem ser mais saudáveis! Cabe a nós esse papel de estar próximo, sentir o pulso das escolas e acolher as dificuldades. São relações de interdependência.

Ah, a Marisa conseguiu envolver a família nessa sua nova jornada, agora como franqueada Ensina Mais Turma da Mônica, e vai inaugurar sua unidade no início de 2023. Enquanto isso, seguramos as mãos de Josés, Marias, Marcos e Joanas. Estamos sempre de portas abertas para acolher as dificuldades de nossos franqueados. Ouvimos, compreendemos e agimos. O sucesso da rede é feito pela soma das conquistas de todos. Como em uma família, nos ajudamos, trocamos experiências e aprendemos uns com os outros. No fim do dia, não importa qual seja o negócio da sua empresa, ele sempre passará – e será feito – pelas pessoas que estão ao seu lado.

Rogério Gabriel é CEO da edtech MoveEdu, dona das marcas Ensina Mais, Microlins e Prepara Cursos. É membro do comitê do Lide e do Comitê de Educação da ABF

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